A cidade de Volta Redonda se destacou nacionalmente na área da saúde pública graças ao trabalho desenvolvido por duas estudantes do curso de Medicina do UniFOA, Luana Maragoni e Bianca Mattos. Orientadas pela médica Thais Junqueira Ferraz Villela — coordenadora da Pediatria do Hospital São João Batista e preceptora do internato médico — e coorientadas pelo professor Renato Teixeira, as alunas apresentaram no 23º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica uma análise epidemiológica da sífilis congênita no município e sua comparação com o cenário nacional.
O estudo abordou a evolução dos casos de sífilis congênita entre 2018 e 2023, descrevendo o perfil sociodemográfico dos casos registrados em Volta Redonda e em todo o Brasil. Além disso, analisou os principais fatores que contribuem para a persistência da doença no país, como falhas no diagnóstico precoce e nos protocolos de acompanhamento pré-natal. A pesquisa também evidenciou os avanços do município na prevenção da transmissão vertical da sífilis, ou seja, da mãe para o bebê durante a gestação ou parto.
De acordo com o levantamento, Volta Redonda conseguiu uma redução de 83% nos casos da doença no período analisado — uma conquista atribuída à atuação eficaz da Secretaria Municipal de Saúde, com ampliação da cobertura do pré-natal, testagem precoce e tratamento gratuito via SUS. Entre 2018 e 2023, foram registrados 217 casos, sem nenhum óbito. Em 2024, até o momento, foram contabilizados apenas cinco casos, número muito inferior aos anos anteriores: 13 em 2023, 27 em 2022 e 22 em 2021.
Enquanto isso, o cenário nacional ainda é preocupante: o Brasil notificou mais de 166 mil casos de sífilis congênita entre 2018 e 2024. Apenas este ano, já são 12.177 registros da doença, com a Região Sudeste liderando as estatísticas — 72.476 casos nesse intervalo.
Para a aluna Bianca Mattos, participar do congresso foi mais do que um marco acadêmico — foi uma experiência transformadora. “Foi uma experiência incrível participar deste estudo sobre o perfil epidemiológico da sífilis congênita em Volta Redonda. Ver de perto a redução significativa dos casos, resultado das políticas públicas eficazes de prevenção e diagnóstico precoce, nos fez perceber o impacto real dessas ações na saúde da população. Apresentar nossa pesquisa em um congresso de grande importância foi uma oportunidade valiosa de aplicar o conhecimento acadêmico a questões concretas da realidade brasileira”, afirmou.
Sua colega Luana Maragoni compartilhou o mesmo entusiasmo: “Participar da construção deste estudo foi uma experiência acadêmica e um compromisso com a saúde coletiva. Compartilhar esses dados no Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica foi uma oportunidade ímpar. A orientação cuidadosa da Dra. Thais Villela e do Prof. Renato Teixeira foi essencial para conectar o olhar técnico ao impacto social do que analisávamos. Somos gratas pela oportunidade de representar o UniFOA.”
A médica Thais Villela também destacou o papel fundamental da estrutura de saúde da cidade nesse resultado positivo. “Todas as gestantes atendidas na maternidade do Hospital São João Batista realizam testes rápidos para sífilis, HIV e hepatites. Em casos positivos, o tratamento é iniciado de forma imediata, inclusive nos recém-nascidos, quando necessário”, explicou a coordenadora.
O diretor-geral do hospital e vice-prefeito de Volta Redonda, Sebastião Faria, enalteceu a relevância do estudo. “A presença das alunas no congresso reforça como o ensino voltado à prática pode gerar impactos reais na saúde pública. É motivo de orgulho ver nossos futuros profissionais contribuindo com soluções relevantes para o país. Com investimentos contínuos em educação em saúde, prevenção e ampliação do acesso aos serviços, Volta Redonda se consolida como referência nacional no enfrentamento à sífilis congênita.”
A participação das estudantes no evento nacional não apenas levou o nome do UniFOA a um dos mais importantes congressos da área, como também reforçou o compromisso da instituição com a formação de profissionais engajados nas transformações sociais e na promoção da saúde coletiva.