No dia 13 de maio, data que marca a abolição da escravatura no Brasil, o Escritório da Cidadania do UniFOA promoveu a X Semana da Promoção da Igualdade Racial. O evento reuniu lideranças quilombolas, representantes de religiões de matriz africana, estudantes e docentes em uma programação multidisciplinar que incluiu debates, apresentações culturais e ações sociais. A iniciativa tem como objetivo abrir espaço para as lideranças de grupos minoritários que mantêm a luta contra o preconceito e a discriminação racial, destacando casos exitosos recentemente contemplados por políticas públicas, como o Quilombo de São José da Serra e a Tenda Espírita Pai Cambinda.
A mesa de honra contou com a presença do Dr. Dario Aragão Neto, coordenador do Escritório da Cidadania; do Dr. Igor Aragão, procurador federal; de Beatriz Nunes, presidente da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ); de Almir Gonçalves Fernandes, presidente do Quilombo de São José da Serra, em Valença; e da professora Fabiola Amaral, diretora da Tenda Espírita Pai Cambinda.
Durante o evento, foram realizadas diversas atividades culturais, incluindo uma exposição de fotos e artesanato de bonecas de palha de milho produzidas por mulheres do Quilombo São José da Serra, além de uma apresentação de dança Jongo, expressão cultural afro-brasileira fundamental nas comunidades quilombolas. À tarde, foi gravado um podcast nos Estúdios FOA com a participação de Dario Aragão e Beatriz Nunes, e à noite, Beatriz ministrou uma palestra sobre a história e a situação atual dos quilombos em 2025.
Beatriz Nunes destacou a importância de espaços de troca e reflexão: “É sempre uma oportunidade divina poder estar nesse espaço de troca. Temos essa necessidade de compartilhar experiências e vivências, ainda mais no dia 13 de maio, uma data que convida à reflexão sobre tudo o que aconteceu neste país, nesta nação. Para mim, é um privilégio muito grande.”
Ela ainda enfatizou a necessidade de manter o diálogo sobre a população negra: “Que o Brasil fale constantemente sobre essa população que construiu esta nação. O país como o conhecemos não existiria sem a população negra sequestrada e escravizada para criar as bases sociais, culturais e educacionais que sustentam a sociedade brasileira.”
Durante o evento, foram feitas homenagens a Toninho Canecão, liderança da Comunidade Quilombola de São José da Serra, atualmente representada por seu filho Almir Gonçalves Fernandes, e à Tenda Espírita Pai Cambinda, em comemoração aos seus 75 anos de fundação, representada pela professora Fabiola Amaral e por Pedro Rogério dos Santos e Souza, atual presidente da instituição.
Dario Aragão se demonstrou grato pela presença dos participantes e ressaltou a importância do evento. “Tivemos uma noite sensacional, repleta de trocas, aprendizados, homenagens e muito conhecimento compartilhado. Espero sinceramente que todos tenham gostado e aprendido um pouco mais sobre o nosso Brasil e a riqueza da nossa diversidade”, declarou o coordenador.
O evento também promoveu um Jantar Solidário no refeitório do curso de Medicina, com a distribuição de feijoadas às crianças da comunidade de Três Poços, em parceria com a associação “Amor em Ação”. A feijoada tem um significado cultural importante para os quilombolas por ser um símbolo de resistência e ancestralidade, além de ser um prato que fortalece as relações sociais e culturais da comunidade.
A X Semana da Promoção da Igualdade Racial aponta para um passado que precisa ser reconhecido e para um presente que exige ação. Os quilombos e as casas de matriz africana são guardiãs de tradições que moldaram a identidade cultural brasileira e, ao longo dos séculos, resistiram à opressão e ao apagamento histórico. Realizado em um antigo território de fazenda cafeeira, o campus de Três Poços simboliza esse resgate da memória e a reparação histórica que a educação deve promover.













